013 Maria a Mulher da Palavra



Maria, a Mulher da Palavra

Por Padre Rufus Pereira

23/09/2000


Início:
O Senhor esteja convosco.

Ele está no meio de nós.

Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

Glória a vós, Senhor.


Foi quando uma grande multidão se reuniu e veio a ele de todas as cidades que ele disse em parábola: "O semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava parte caiu à beira do caminho, foi calcada aos pés, e os pássaros do céu comeram tudo. Outra parte caiu sobre a pedra, brotou mas secou por falta de umidade. Outra parte caiu no meio dos espinhos, crescendo juntos os espinhos as sufocaram. Outra parte ainda caiu na boa terra, brotou que produziu frutos ao cêntuplo." e dizendo isso Jesus exclamou: "Quem tiver ouvidos para ouvir ouça!" Os seus discípulos perguntaram o que significava essa parábola e ele disse: "A vós é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas para os outros é em parábolas para que podem servir e ouçam sem compreender. Eis o que significa essa parábola: a semente é a palavra de Deus. Os que estão à beira do caminho são os que ouvem, depois vem o diabo, retira a palavra do coração deles a fim de que não cheguem à fé e não sejam salvos. Os que estão sobre a pedra são os que acolhem a palavra com alegria quando a ouvem, mas ele não tem raízes, por um momento creem mas, no momento da tentação, desistem. Aquilo que caiu sobre os espinhos são os que ouvem e, por causa das preocupações, das riquezas e dos prazeres da vida são asfixiados durante o caminho e não chegam à maturidade. Aquilo que está na boa terra são os que ouvem a palavra num coração leal e vão e retém e produzem frutos à força da perseverança."


Palavra da salvação.

Glória a vós, Senhor.


(aplausos)


Padre Rufus:
Meus queridos irmãos e irmãs no Senhor Jesus, sendo hoje um sábado, eu senti a inspiração do Espírito Santo de falar sobre Maria, a mãe de Jesus, a mãe da Igreja, a mãe de todos nós.


Eu gostaria de falar sobre ela, a influência delas sobre a vida de Jesus, a vida da Igreja e sobre a vida de cada um de nós. Nós sabemos a primeira função de Maria é ser mãe e intercessora, e na bíblia nós vemos isso muito claramente. (os nomes bíblicos indicam as funções de cada pessoa, não são simples nomes)


O evangelho de São João, de certa maneira, começa com as festas das bodas de Canaã, se nós considerarmos o capítulo 1 como se fosse a introdução do evangelho, sendo que o mesmo termina com o capítulo 19, com a crucificação de Jesus e com Maria aos pés da cruz. E se nós pensarmos nos capítulos 20-21 como um apêndice, com Jesus após a ressurreição, então o evangelho de São João pode ser pensado como o evangelho da divindade de Jesus, você vai poder ver nas entrelinhas esse evangelho como sendo o evangelho da pessoa humana de Jesus. Por isso São João quis imprimir com tanta força o primeiro sinal de Jesus como nosso Salvador, e esse sinal, que foi o milagre em Canaã, foi  pensado pelo evangelista como sendo o principal sinal da Igreja de Jesus. Então, na leitura do capítulo 2, nós percebemos que Jesus estava presente, como se se  dissesse que sem Jesus não haveria Igreja, não haveria festa de matrimônio. Obviamente os apóstolos estavam lá, porque sem o corpo místico de Jesus não haveria igreja, não haveria festa.


Mas, ao mesmo tempo, o evangelista salienta que Maria estava lá, tendo Maria, nessa ocasião, agido como aquela que intercedeu, intercedeu junto a Jesus. Mas, como o documento a respeito da devoção a Maria nos diz, por muito tempo nós estivemos vendo Maria apenas como a intercessora, e é mais importante que enxerguemos Nossa Senhora como mãe, alguém que nós possamos imitar e seguir, porque Maria foi um modelo para Jesus nos seus anos de infância. Portanto, nós também que somos irmãos e irmãs de Jesus, devemos ter Maria como nosso modelo.


Maria como modelo:
Portanto, de que maneira Maria pode ser nosso modelo? Quando lemos as escrituras, percebemos três características de Maria, como funções que Maria teve na vida de Jesus (o nome Jesus traz consigo a função de Libertar, de Salvar, de Curar) e, portanto, na vida da Igreja e na vida de cada um de nós.


Maria, a Mulher da Palavra.
Em primeiro lugar, Maria é a mulher da palavra de Deus. Quando lemos o evangelho, logo vemos muitos exemplos de Maria como sendo a mulher a palavra de Deus. Durante os três anos do ministério de Jesus, vemos dois momentos em que Maria é mencionada como a mulher da palavra:


Uma foi no evangelho de São Lucas, no capítulo 11, onde nós vimos que depois de Jesus falar tão lindamente sobre a oração, assim como sobre o trabalho do Espírito Santo e do espírito do mal, nos versículos 27-28, nós vemos como uma mulher começou a louvar Jesus dizendo: "Abençoada seja a mulher que lhe deu a nascer, abençoada aquela que o sustentou", como se dissesse como "foi bem aventurada e a mulher que foi a sua mãe". Mas o que é que Jesus disse? Em resposta ele diz o oposto: "Abençoados são aqueles que ouvem a palavra de Deus e as guardam no seu coração", então, se nós colocássemos, se trouxéssemos essas palavras para a modernidade, era como se Jesus estivesse dizendo: "Bem aventurado sou eu, por ter tido uma mãe como aquela, porque foi por ela que eu aprendi, em primeiro lugar, a palavra de Deus". Então Jesus honra Maria não pelo fato de ela ter sido na mulher bem aventurada como tendo sendo sua mãe, mas como se fosse ele o bem aventurado por ter tido o Maria como mãe, como instrutora.


(aplausos)


E no evangelho de hoje, o lindo evangelho de Deus, sendo comparada a palavra com a semente, e nossos corações tendo sido comparados ao terreno onde são lançadas as palavras, se nós fôssemos ver o que vem depois desse evangelho, vamos ver um fato onde alguns vieram para Jesus dizendo: "A sua mãe espera por você". Talvez eles julgassem estar fazendo um favor para Jesus dizendo isso para ele, mas o que é que Jesus fez? Ele continuou aonde estava, com os discípulos, não foi se encontrar com a sua mãe.


E Jesus aproveitou aquela ocasião para dizer uma coisa importante aos seus discípulos: "Quem é a minha mãe? Quem são os meus irmãos? Quem são as minhas irmãs? Todos aqueles que, assim como a minha mãe, ouvem a minha palavra e permitem que essa palavra seja efetiva". 

Quando Jesus contou a parábola da semente e do semeador ele terminou a explicação dizendo exatamente isso: que aquele solo que multiplicou os frutos da semente por 100 é o coração naquela boa pessoa que permite que a palavra de Deus dê frutos de maneira generosa, multiplicado-a por 100. Jesus estava, naquela ocasião, dizendo a seus discípulos que eles estavam sendo capacitados para que eles imitassem sua mãe e tivessem suas vidas inteiras baseadas na palavra de Deus.


E na festa de Canaã, o que Maria disse a aqueles que representavam os auxiliares da Igreja que ali estavam? "O que Jesus disser a vocês para fazerem, façam", como se ela estivesse dizendo que a coisa mais importante das nossas vidas é a palavra que Jesus pronunciou. 



Quando Maria visitou sua prima o que Isabel disse logo que a viu? "Bem aventurada és tu, porque é a mãe do meu Senhor", mas três versículos depois é como Isabel se corrigisse dizendo: "Maria, você é mais abençoada porque ouviu a palavra de Deus e nela acreditou". E no mistério da encarnação, no evangelho de São Lucas, o que Maria disse ao anjo Gabriel? "Seja feita de mim de acordo com a palavra", ou seja, Maria baseou toda a sua vida na palavra de Deus.



É como se Deus buscasse em Maria aquela pessoa que baseasse toda a sua vida na palavra de Deus, para que assim Maria pudesse ser convidada para ser a mãe de Jesus.


É com frequência que nós lemos, nas narrativas de São Lucas sobre a infância de Jesus, que Maria não entendia a palavra de Deus. Isso ocorre quatro vezes no evangelho, mas em cada momento percebemos que Maria guardava a palavra de Deus dentro de seu coração, pensava sobre a palavra, meditava sobre ela, e permitia que essa palavra trouxesse frutos na sua vida.


Santo Agostinho disse de uma forma tão bonita que antes mesmo que Maria concebesse Jesus em seu ventre, ela o concebeu em sua mente e em seu coração. 


Então não é possível entender uma pessoa que diz ser devota de Nossa Senhora e não tem devoção e amor à palavra de Deus. Se ela ama Maria, ela vai ler e meditar a palavra de Deus todos os dias, baseando, cada um de nós, as nossas vidas na palavra de Deus, seguindo o exemplo de Maria.


Maria, a Mulher do Espírito.
A segunda função de Maria era ser a mulher do Espírito, ou para explicar melhor, uma mulher de oração. 

Já no início nós temos os anjos dizendo para Maria que o espírito de Deus viria sobre ela, onde ela conceberia Jesus pelo poder do Espírito Santo. Então Maria se preparou para esse momento durante toda a sua vida através de intensa oração. Novamente, quando Maria entrou na casa de Isabel, o que Isabel disse? "Maria, no momento em que você entrou na minha casa com Jesus em seu ventre, o bebê que eu carrego em meu ventre pulou de alegria", e a bíblia diz que naquele momento João Batista foi batizado que ficou cheio do Espírito Santo, mesmo antes de seu nascimento.



A presença de Maria traz para cada pessoa a presença do Espírito Santo, com quem ela se encontra. Isabel foi preenchida pelo Espírito Santo no momento em que ela ouviu a saudação de Maria. Zacarias foi preenchido pelo Espírito Santo que ele então me louvou ao Senhor com um lindo hino 'Benedictus', sendo mais tarde Ana e Simeão também preenchidos pelo Espírito Santo. Em nenhum lugar da bíblia iremos encontrar menção a uma pessoa mais frequentemente ligada ao Espírito Santo como neste capítulo.


Então eu não posso entender como uma pessoa pode dizer que é devota de Maria, se ela não se abre totalmente para a unção do  Espírito Santo, o que significa estar aberto ao Espírito Santo através de uma vida de intensa oração, porque ele somente vem para a nossa vida para a oração.


No Ato dos Apóstolos novamente vemos o nome de Maria sendo mencionado no versículo 14, quando os apóstolos e aquelas mulheres estavam juntos na mesma sala esperando e orando pela vinda do Espírito Santo, esperando por um novo Pentecostes em suas vidas, onde se diz: "Maria estava lá". É como se a bíblia estivesse dizendo que sem a presença de Maria o Espírito Santo não viria a aquela sala, e eu acredito que Maria estava lá motivado os apóstolos a continuarem em oração.


Nós sabemos que todas as vezes que Jesus levou os seus apóstolos a oração, naquele momento de glória no Monte Tabor ou na agonia nos jardins do Getsemani, os apóstolos dormiram. Mas agora, nessa sala, eles não estavam dormindo, eu tenho certeza que Maria estava lá mantendo-os acordados em oração, Maria os liderava na oração.




Eu tenho certeza que durante aqueles nove dias foi Maria quem conduziu o primeiro seminário de vida no Espírito Santo, o primeiro retiro carismático.


(aplausos)


Então eu não entendo como um pentecostal não dá importância a Maria, ainda mais tendo ela enfatizado tanto o sagrado trabalho do Espírito Santo. Da mesma maneira, eu não posso compreender como católicos podemos dizer que temos devoção a Maria, quando nossa vida de oração estás tão deixada de lado, nos lembrando do Espírito Santo tão somente no domingo de Pentecostes.


Então, seguindo o exemplo de Maria, nós devemos ser pessoas do Espírito e de oração.


Maria, a Mulher da Cruz.
A terceira missão de Maria foi ser a mulher da cruz, a mulher do sofrimento, a mulher da nossa redenção.



Quando lemos a palavra no evangelho em todos os momentos importantes da vida de Jesus Maria veio a sofrer. É como você Jesus chamasse Maria para ser a mulher para carregar sobre si mesma o sofrimento próprio da mulher. E nas próprias palavras de São Paulo é como se Maria estivesse completando algo que pudesse estar faltando no sofrimento de Jesus.


Maria passou por cada sofrimento próprio e específico de mulher.


Por exemplo, quando ela engravidou pelo poder do Espírito Santo, vimos São José ficar repleto de dúvidas em seu coração, dispensando Maria em sua vida particular. Um dos grandes sofrimentos da mulher é receber sobre si a suspeita do marido que ela ama e por quem ela é amada, e eu não sei por quanto tempo Deus permitiu que marido e mulher sofressem essa torturante dor.


E qual é um dos grandes sofrimentos que as mães passam? É não saber se o filho está vivo ou morto, quando ele desaparece, se ele foi roubado ou raptado. Caso o filho esteja morto, não há nada o que se possa fazer. Mas, supondo que o filho tenha sido raptado ou roubado, quando uma mãe não sabe se o filho está vivo ou morto, ou se o filho se perdeu e ela não sabe aonde ele está, há grande sofrimento das mães. Maria teve esse grande sofrimento quando Jesus se perdeu no templo.


Padre Rufus quando era criança se perde dos pais.
Quando eu era menino minha família foi para um grande festival e eu me perdi. Eu me lembro que eu não conseguia encontrar os meus pais e comecei a chorar. Finalmente a minha mãe me encontrou e pude ver em seus olhos suas lágrimas de sofrimento, quando ela me encontrou logo me deu um tapa. (risos) Mas foi um tapa de alegria, ela estava feliz por ter me encontrado vivo. É por isso que nós temos a história de Jesus ter se perdido no templo.


Se tivéssemos tempo nós poderíamos abordar cada sofrimento de Maria como mulher e mãe.


Por exemplo, o sofrimento de uma mãe refugiada, quando Maria e José tiveram que partir para um país estrangeiro levando Jesus, quando o rei Herodes estava perseguindo o menino Jesus para matá-lo.


E nós sabemos que muitas pessoas sofrem grandemente quando estão em um país sob o julgo de um ditador, como em Ruanda ou no Timor Leste. Quando eu estava em Fátima havia uma jovem que estava nos falando sobre o Timor Leste, ela era uma refugiada de lá. Ela nos disse que há 25 anos atrás, em 1975, quando a Indonésia ocupou o lado português do Timor, seu pai foi assassinado, seu irmão foi assassinado, um dos irmãos desapareceu e então ela dizia: "Padre, eu estou voltando para o Timor para buscar por ele, procurá-lo, após 25 anos. Minha mãe pensa que ele está vivo".


Então, finalmente, nós lemos no último capítulo, o capítulo 19, ali, aos pés da cruz, Maria, a mãe de Jesus. É como se o João quisesse nos dizer que a glória da vida de Maria era estar aos pés da cruz. É como se o apogeu da vida de Maria fosse o sofrimento de estar aos pés da cruz oferecendo seu filho para a salvação, portanto essa é a mulher da cruz.


E se você quer ser discípulo de Jesus, você tem que ser o homem e a mulher da cruz, sabendo que depois da sexta-feira santa há sempre um domingo de páscoa, que após a crucificação há sempre a ressurreição.


Meus queridos irmãos e irmãs, como eu tenho feito durante todos esses dias, eu gostaria de lhes contar uma história para falar sobre Nossa Senhora.



Caso: a Freira que Odiava sua Congregação.
Há muitos anos atrás uma freira veio me pedir aconselhamento. E é isso que ela me disse:


- Padre, eu estava muito doente e a minha congregação recebeu uma notícia de que meu pai estava muito doente. Minha família mandou um telegrama para a madre superiora, pedindo que me avisassem que meu pai estava doente.


Infelizmente a madre superiora esqueceu-se de repassar o telegrama para ela. Outro telegrama foi mandado pela família um dia depois para informá-la que seu pai havia falecido. Quando a freira viu que o primeiro telegrama não lhe havia sido entregue informando que o seu pai estava doente, ela ficou cheia de dor e de mágoa com relação a madre superiora de contra toda a congregação. Ela amava muito seu pai.


Ela foi ao funeral, porém ela chegou atrasada, o sepultamento já havia ocorrido. Sua raiva, sua amargura aumentou ainda mais. Ela amava o seu pai e gostaria de ter estado no leito de morte dele e agora ela não pôde nem estar presente ao funeral dele para ver o seu corpo.


De qualquer maneira ela tinha boa vontade, porque ela veio fazer o retiro. Como eu poderia ajudá-la a superar essa tragédia em sua vida? Nós sabemos que a palavra de Deus tem resposta para cada problema, e eu mencionei a ela aquele fato do evangelho, quando os discípulos queriam seguir Jesus e que aquele candidato a discípulo disse: "Eu quero segui-lo, mas primeiro deixe-me participar do enterro de meu pai. Primeiro deixe-me ir ao funeral do meu pai". Isso porque para os judeus a solenidade de enterrar o pai era um ato religioso muito importante, e o que Jesus disse? Na escritura que está: "Deixe que os mortos enterrem seus mortos".


É como se Jesus estivesse dizendo a esse discípulo o seguinte: "Bem, se você quiser vá ao funeral do seu pai, mas não venha a ser meu seguidor, você não vai poder ser meu discípulo". Jesus era duro com as pessoas que queriam segui-lo. "Se você quiser me seguir, saiba o quanto vai custar isso para você".


Então, eu disse a essa irmã:


- Jesus está testando você para saber quem é mais importante para a sua vida, quem é o senhor da sua vida. O senhor da sua vida é o corpo sem vida de seu pai? Ou é o Jesus vivo? Você está sendo testada na fé.


Somente então ela compreendeu, se arrependeu, perdoou e começou a louvar a Deus até mesmo pelo que estava acontecendo.


(aplausos)



As Perdas Pessoais do Padre Rufus.
Cada vez que eu penso nessa história fico pensando o que eu faria um momento desses.


Há uns 20 anos atrás meu pai ficou muito doente. Eu celebrei uma missa por ele em casa e no dia seguinte eu fui para um encontro da Renovação Carismática no sul da Índia conduzir um grande retiro. Eu disse ao meu pai:


 - Papai, talvez, quando eu voltar, o senhor não esteja mais aqui conosco. Mas eu sei que nós vamos nos encontrar no céu.


E quando eu parti para o sul da Índia, no primeiro dia da convenção, eu recebi a notícia de que meu pai havia acabado de falecer e não haveria tempo de eu chegar ao funeral.


E algum tempo depois a minha tia acabou ficando muito doente. Nessa ocasião eu estava em Jerusalém e cheguei a Bombaim depois do funeral.


Sete anos depois minha mãe ficou doente e eu tive que levá-la aos médicos, tendo cancelado alguns compromissos na Europa, mas, um dia tive que ir à Europa porque não houve formas de cancelar um dos encontros. Nessa ocasião eu perguntei aos médicos:


- Será que eu posso ir para a Europa? Ou não? O que vocês acham, a minha mãe vai estar viva quando eu voltar? Ou não?


- Nas condições atuais, tudo pode acontecer. Ela pode vir a falecer amanhã ou pode ainda permanecer alguns meses, é imprevisível - disseram os médicos.


E foi uma decisão muito difícil para mim, mas finalmente eu tive que ir. 

No dia 4 de julho, aniversário da consagração de nosso lar ao Sagrado Coração de Jesus, celebrei uma missa para a minha mãe em casa. A minha mãe tinha uma devoção muito grande ao Sagrado Coração de Jesus e essa devoção era o fundamento da nossa fé cristã familiar. 



Depois da missa eu tive que dizer para ela que eu teria que ir à Europa. Eu me lembro com frequência do que ela me disse:


- Rufus, você sai tão frequentemente, mas eu gostaria que quando eu partisse você estivesse comigo.


E ela costumava dizer isso para mim com frequência, mas agora eu tinha que dizer para ela que eu estaria indo, e isso foi muito difícil para mim dizer isso, e finalmente disse:


- Mamãe, eu tenho que ir para a Europa.


- Quando? - ela perguntou.


- Esta noite.


- Oh, meu Deus, hoje à noite? E quando você vai voltar?


- Acho que em duas semanas.


- Mas depois de dois meses?! - ela havia entendido dois meses.


- Não, depois de duas semanas.


E eu não pude ficar para ver as lágrimas nos seus olhos. Só beijei suas mãos e peguei um táxi para o aeroporto. Enquanto eu estava indo para o aeroporto sentia impetuoso de voltar para casa. Finalmente cheguei a Londres para conduzir um encontro na escola e, enquanto eu estava no retiro, eu pedia a Deus:


- Senhor, não deixe que a minha mãe morrer enquanto eu não voltar!


No último dia do encontro que estava pregando para as pessoas sobre o capítulo 19 de São João. Eu cheguei a aquele ponto da escritura onde Jesus disse: "Maria, eis aí o teu filho, filho eis aí a tua mãe". Então recebi um telefonema dizendo que a minha mãe estava muito, muito ruim, ela estava me chamando. Então eu pensei: "Eu tenho que voltar a Bombaim". Fiz os arranjos todos para poder voltar para a Índia, orando constantemente:


"Senhor Jesus, eu nunca pedi nenhum favor em toda a minha vida, mas agora eu estou te pedindo esse favor, por favor, mantenha minha mãe viva até eu chegar, porque não haveria alegria maior para um padre do que estar ao leito de morte da sua mãe, e porque não haveria maior alegria para ela do que o seu filho padre estar em seu leito de morte".


Então eu me lembrei que a minha mãe frequentemente ficava me esperando para que eu fosse visitá-la. Quando eu chegava lá as pessoas me diziam que a minha mãe estava me esperando, então eu ia visitar a minha mãe. E, depois de cinco minutos de visita, ela mesma dizia:


- Você tem que ir, você tem um trabalho a fazer.


Eu me lembrei daquele momento em que seu rosto se enchia de um sorriso quando me via chegando. Aí eu dizia: "Senhor, minha mãe não tem outro objetivo senão esperar a minha chegada".


Então veio outro telefonema dizendo que a minha mãe havia entrado numa estado de coma, em coma as suas mãos faziam um movimento como se estivesse rezando o rosário.


(aplausos)


E ela me dizia frequentemente:


- Rufus, desde que eu fiquei velha, tudo o que eu posso fazer é rezar o rosário. Rezo na cozinha, no banheiro, no quarto... - o dia inteiro ela passava rezando.


E até mesmo em coma, como ela obteve esse hábito, ela estava rezando o rosário! 

Finalmente veio a notícia de que minha mãe tinha morrido, então eu me chateei com Deus. Eu disse: "Senhor, eu pedi apenas um favor, minha mãe pediu somente um favor, que ela estivesse comigo em seu leito de morte", então o Senhor começou a falar comigo com as palavras da bíblia e eu me lembrei do que Jesus disse aos apóstolos:


"Se alguém ama o seu pai, a sua mãe, o seu irmão ou a sua irmã mais do que a mim, não é digno de mim".


Então eu percebi que Deus estava pedindo de mim e da minha mãe um último sacrifício, o sacrifício da escolha de não estar presente no leito de morte de minha mãe. Então o meu coração foi se enchendo de paz. 

Cheguei em Bombaim, fui para casa, pude ver o corpo de minha mãe no caixão. Enquanto eu olhava para ela pude perceber uma grande paz nela. Então eu me lembrei que todos dias, quando nós rezávamos o rosário em família, quando eu era criança, terminávamos o rosário com três jaculatórias:


"Jesus, Maria e José, assistam-me na minha agonia. Jesus, Maria e José, que eu possa ter o meu último suspiro na sua abençoada companhia".

Então Jesus estava me dizendo: "Rufus, não havia necessidade nenhuma de você estar presente quando a sua mãe morreu, porque eu estava lá, José estava lá, Maria estava lá".


(aplausos)


Mamãe é Apenas um Ser Humano.
Ela estava mesmo acompanhada daquelas abençoadas santidades. Então, quando eu olhava para seu corpo, repentinamente veio a mim que todos aqueles anos finais de sua vida foram gastos em oração. E muito dessa oração era para mim e para o meu ministério. E eu percebi que ela também era um ser humano, era uma mulher.


E ela perguntava para mim:


- Rufus, como eu estou?


E eu olhava para sua face cheia de alegria, com um sorriso já sem dentes, seu cabelo já caindo, e eu olhava para ela num retrato de família e lá eu a via como uma jovem bonita, com um pequeno Rufus, de 5 anos, próximo dela, e eu falava para ela:


- Mãe, você está tão bonita como naquela fotografia.


Então eu percebi que ela era um ser humano. O Senhor a usou para um lindo trabalho: eu me lembro que ela passava a maior parte do tempo rezando o rosário. E então com surpresa eu percebi que a razão pela qual o Senhor tem abençoado tanto este meu ministério, a razão pela qual o Senhor tem me levado a tantos países, de ter me abençoado de ter este ministério, de rezar, de curar e de libertar, não é um mérito meu, mas sinto que há uma mulher por trás de mim, a mãe que me criou, que passou toda sua vida rezando por mim.


(aplausos)


Conclusão.
Então, Maria não é somente uma intercessora. 

Maria não é um modelo de como se deve ouvir Deus. 
Maria não é um modelo de como se deixar encher pelo Espírito Santo. 
Maria não é um modelo de quem está disposto a carregar uma cruz.


Mas, nas palavras dos documentos de devoção a Maria, ela é alguém presente, é um sinal, é a presença de Jesus no mundo. Ela é quem nos lembra dia após dia que somente seu filho aqui pode ser nosso Salvador e nosso Libertador, é aquela que está suspirando em nossos ouvidos a todo tempo: "O que o meu filho mandar fazer, faça". Amém.


(aplausos)

010 As Migalhas e os Cachorrinhos



As Migalhas e os Cachorrinhos

Padre Rufus:
Meus queridos irmãos e irmãs no Senhor Jesus, normalmente eu falo buscando inspiração na aquilo que o Senhor quer que eu fale, olhando as pessoas e os fatos que se sucedem. Jesus mesmo dava seus ensinamentos baseado nos fatos, e nos acontecimentos do seu tempo.




Quando ele falou sobre arrependimento, ele se referia aos acontecimentos de seu tempo. Falou sobre a Torre de Siloé que caiu sobre os judeus, sobre o massacre que os judeus sofreram sob  o domínio dos romanos.

E as pessoas concluíram que as outras pessoas tinham morrido porque tinham feito algo de errado em suas vidas. Com se elas dissessem mesmo: “se eu estou vivo é porque não sou como aqueles que morreram no acidente”.

Jesus usava esses ensinamentos cheios de verdade e para mostrar que todos precisavam de arrependimento. E Jesus dizia: "não pense que você está vivo, você é mais merecedor do que aqueles que morreram ou sofreram". Ele dizia que o arrependimento deveria ser trazido para fora não somente das coisas que fazemos exteriormente, mas acima de tudo, no mal que nós trazemos interiormente no nosso coração.

Da mesma forma que eu estou sempre olhando os fatos e os acontecimentos para perceber o que Deus quer falar para mim e para você, hoje.

Esta manhã eu falei para vocês no caso da libertação daquele homem que Jesus libertou de Satanás. Nesta segunda palestra eu quero me referir a um caso semelhante que nós lemos no evangelho. Mas desta vez não é alguém entre os judeus, mas é alguém entre os gentios, desta vez não se refere a um jovem, mas a uma jovem.

Nesta outra história não é a própria pessoa que pede ajuda, mas é a sua mãe que pede ajuda.

Todas as histórias que estão no evangelho não estão ali para satisfazer nossa curiosidade. Os evangelistas não contam essas histórias só por contar. As histórias estão ali para nos contar, para anunciar, dizer uma mensagem muito importante.

Essa é a história de uma mulher dos gentios que veio até Jesus para buscar ajuda.

Jesus tinha mandado seus apóstolos para fora da Palestina, para Sidon, a área onde habitavam a gentios. E havia esta mulher, entre os gentios, para buscar ajuda com Jesus.

Essa história dos fala de como a pregação e a cura de Jesus foi além da Palestina.

E essa mulher veio até Jesus e pediu que ele a ajudasse. E ela dizia: "Jesus, me ajude porque a minha filha está possuída, um espírito do mal  está a atacando constantemente".

Lembramos então que a Jesus, neste momento, está no território dos gentios, não está entre os judeus. Você sabe quando o que acontece quando a gente está no meio de gentios? Normalmente, entre os pagãos, as pessoas pedem ajuda a deidades, outras fontes, não para Deus.

Pode ser que a filha dessa senhora estava sendo atacada por um demônio porque talvez era tivesse se envolvido em práticas ocultas. Talvez essa mulher tenha se dirigido até as próprias feiticeiras para que sua filha fosse libertada e sua filha acabou piorando.

E então ela ouviu falar de Jesus e ela veio até Jesus. Ela sabia que Jesus era judeu e ela era uma pagã. Mas quando você tem problemas de grande dificuldade, você não vai pensar em quem você é ou quem é aquela pessoa onde você vai buscar ajuda. Especialmente se o problema está afetando a sua família, aqueles a quem você ama.

E ela veio clamando para Jesus: "ajude-me, ajude a minha filha".

E essa mulher clamava tão alto, gritava tão alto que os apóstolos se perturbaram, eles não conseguiam impedir que aquela mulher continuasse gritando e eles disseram a Jesus "Ah, para que a gente fique em paz, ajude logo que essa mulher para a gente continuar o nosso caminho".

E o quê que Jesus disse? Ele disse uma coisa que talvez possa nos surpreender um pouco nos dias de hoje. Jesus disse: "Eu fui enviado para os filhos de Israel, e não para os gentios". Isso pode ser surpreendente para o nós, mas o quê que Jesus estava dizendo?

Que o seu primeiro trabalho era justamente trazer conversão e vida nova para os judeus, e a partir daí, para o mundo inteiro.

De certa forma Jesus colocou as coisas de uma forma que nos é difícil de entender, Jesus disse: "Não é correto  tirar o pão dos filhos e dar para os cachorros".

Você pode imaginar que Jesus estava chamando os pagãos de cachorros.

Mas naqueles dias os judeus chamavam os pagãos de cães, os judeus desprezavam os gentios. Então, desta forma Jesus estava falando, de uma maneira, de certa forma irônica estava dizendo aos apóstolos: "Vocês mesmo consideram os gentios como cachorros, por quê que vocês, agora, estão me pedindo para ajudá-la?"

Jesus era uma pessoa muito humana, havia muita humanidade nele. Às vezes ele usava até mesmo de ironia e de sarcasmo para chamar a atenção das pessoas.

Eu posso, eu mesmo, entender isso. Isso porque uma vez que eu fui visitar um famoso templo hindu na Índia. É um dos templos mais famosos em arquitetura do sul da Índia. E eu fui com uns amigos meus para ver aquela bela construção. Nós entramos e passamos por várias salas e salas até chegar ao santuário.

E havia um aviso antes daquela sala:

"Não é permitido a entrada de cães e de cristãos".

Então, para os hindus, não havia diferença entre cristãos e cachorros. Portanto, eu entendi o quê que Jesus queria dizer. Jesus estava usando a palavra como se fosse um dos judeus:

"vocês consideram os gentios como cachorros. Por quê que vocês querem que eu tive o pão dos filhos e dê para os cachorros?"

Nós, às vezes, ficamos estranhando as palavras que Jesus diz. Jesus não poderia dizer essas palavras, na verdade ele estava usando as palavras que os próprios judeus usavam para os pagãos. Mesmo os apóstolos desprezavam os gentios.

Então, porque essa mulher estava perturbando a eles, eles queriam que Jesus libertasse a libertasse para que ela os deixasse em paz, porque Jesus teria vindo para curar pessoas e não para ser perturbado.

Então Jesus, como se estivesse usando as mesmas palavras, os mesmos pensamentos dos judeus, usou essa expressão: "Vocês querem que eu tire o pão das crianças para dar para os cachorros?"

E então, o que aconteceu? Você sabe que quando uma mãe tem um grande amor por seu filho, ela faz qualquer coisa para curar seu filho. Então, o quê que ela disse?

Ela disse:

"Bem, mas nas casas os filhos comem o pão, mas os cachorros comem as migalhas que caem no chão. Então, o pão tem que ser dado aos filhos. É verdade, que você veio para os judeus. Mas, como que em toda casa, as migalhas de pão dadas para os cachorrinhos. Eu peço então, não o pão, mas só as migalhas".

Foi uma linda a resposta que ela deu e Jesus amou essa resposta e a Bíblia diz que Jesus encontrou nela a fé. O que é que Jesus estava pensando? "Aqui está uma mãe que ama tanto a sua filha que se satisfaz só com as migalhas."

E nós precisamos entender que a palavra "cachorro" usada neste episódio é justamente para cachorrinhos, aqueles mais miseráveis.

Lá em Sorocaba eu estive hospedado em uma casa e fomos a um almoço na casa do coordenador nacional da Renovação Carismática e eles tinham pequenos cachorros e havia um filhote muito pequeno de cachorro. E todo mundo estava repleto de carinho por esse cachorrinho.

Então eu entendi o que aquela mulher que disse para Jesus: "Mas eu sou um cachorrinho" - a mulher disse - "um pequeno cachorrinho doméstico que se satisfaz somente com as migalhas”.

Então Jesus disse para ela: "Por causa de sua fé, aquilo que você pediu que já se realizou".

E quando essa mulher chegou em casa e encontrou a sua filha liberta, liberta no mesmo momento que Jesus disse a ela "A sua fé a salvou".

Essa história, então, nos dá várias mensagens. Não é uma história de Jesus expulsando um demônio, mas é a história de Jesus curando uma família. É uma história de Jesus trazendo, devolvendo uma filha para a sua mãe.

Nós não precisamos pensar em Jesus indo para cada lugar e expulsando demônios a todo o tempo, mas muito mais: ele é alguém que veio para reconciliar pais com os filhos e os filhos com os pais, reconciliar maridos com a esposa e a esposa com o marido, reconciliar gentios com judeus e judeus com gentios.

Jesus está muito mais interessado nas pessoas do que em demônios. E então é uma linda história do amor de Jesus por uma mulher e sua filha.

Então o que Jesus fez há 2000 anos atrás, Jesus está fazendo hoje. Então eu vou lhes contar uma história dos tempos atuais. Eu espero que vocês gostem de histórias.

(aplausos)

Para cada história do evangelho eu tenho uma história para os dias atuais.

Caso: A Garota do Santo Homem. (As Migalhas e os Cachorrinhos - 22/09/2000)

Alguns anos atrás, um domingo, eu estava na minha cidade natal, perto de Bombaim. Todo domingo eu reservo para rezar para as pessoas e uma jovem veio receber oração.

Ela veio com um bebê e veio com a sua sogra. E eu imaginei que a sogra é que tinha trazido a jovem para oração e eu perguntei:

- Pelo quê que você quer que eu reze?

E ela me disse que tinha uma dor de cabeça.

E eu pensei: "Bom, deve ser uma coisa pequena, uma dorzinha de cabeça". Daí eu pensei comigo mesmo: "Por que é que ela veio até a mim? Poderia ter ido para outra pessoa". 

Normalmente no nosso centro de cura em Bombaim as pessoas chegam lá depois de terem passado por todos os médicos de Bombaim, depois de terem passado por todos os santuários de Bombaim, depois de terem passado por todos os médicos-feiticeiros de Bombaim.

Então, como uma última alternativa, eles vêm até nós. Nós somos como um último recurso de emergência. E eu pensei comigo: "Ué! Veio até aqui por causa de uma dorzinha de cabeça?", eu fiquei meio chateado. E eu perguntei para ela:

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- Há quanto tempo você tem essa dor de cabeça?

- Faz quatro anos.

Então eu comecei a ficar interessado. Eu disse:

- OK, eu vou rezar por você.

E, no momento que eu impus a minha mão sobre a sua cabeça, ela se jogou no chão com grande força. E então, alguns homens tiveram que segurá-la. Quando eu rezo normalmente eu tenho 2 ou 3 homens fortes juntos comigo, porque alguma coisa sempre pode acontecer.

Então, lá estavam 4 homens segurando aquela jovem, uma jovem que era magrinha, mas a força dela era tão grande que podia levantá-los e seus olhos estavam cheios de ódio. E então, diante do poder do Espírito Santo o mal foi obrigado a começar a falar. E o mal começou a me dizer porque que ele veio para morar nessa jovem.

Depois de algum tempo eu a fiz retornar à consciência e então eu disse a ela:

- Você precisa vir para o nosso próximo retiro de cura interior porque você tem um problema realmente muito sério. Você precisa tanto de cura interior como de libertação.

Então, qual era o problema dela? E o quê que era que o demônio acabou me dizendo?

- Ela tinha perdido a sua mãe há alguns anos atrás, talvez quando ela tinha uns 12 anos de idade. Então ela se tornou muito triste, se sentiu muito solitária e ela sempre vinha me procurar. E ela ia a um templo hindu próximo da sua escola comunitária e ela costumava ir e sentar na frente de um guru. Todos os dias, na hora do intervalo, ela não ficava brincando com as suas colegas, mas ela vinha e se sentava diante do guru. E ela vinha até a mim todos os dias buscando paz. Buscando paz. E então eu entrei nela.

Mas depende do tipo de paz. Centenas e milhares de jovens na Europa, da América, da Austrália, de vários países, têm ido à Índia todos os anos. E a gente poderia perguntar para essas pessoas: "Por que vocês, jovens, que deixam seus países, tão prósperos, e vem a um país tão pobre e miserável como a que Índia?" e eles sempre me dão a mesma resposta "Nós viemos aqui em busca de paz. Nós viemos aqui em busca de Deus. O Cristianismo e o Catolicismo não tem nada para oferecer para nós. Fomos criados numa boa família católica, mas viemos aqui buscar paz".

Mas, que paz? Jesus mesmo nos disse: "Eu lhes dou uma paz que o mundo não pode lhes dar, uma paz que está além do entendimento". O mal pode lhe dar alguma  paz. Você pode se sentir um pouco melhor, um pouco confortável, mas essa paz só vai lhe trazer destruição no final.

Por isso Jesus disse, antes de morrer, no evangelho de São João, capítulo 14, ele disse aos apóstolos: "A minha paz, eu vos dou."... "Minha paz, não é a paz que o mundo lhes dá" - não é a paz que esses novos movimentos religiosos lhes dão, não é a paz que essa tal de meditação transcendental lhe dá, não é a paz que essa tal de bioenergia te dá, não é a paz que essa tal de nova era que dá.

Jesus disse que: "E eu lhe dou a paz que está além do seu entendimento, é a minha paz que eu te dou".

E se você vai atrás de outro tipo de paz, você está convidando satanás para entrar na sua vida.

Foi o que aconteceu naquele dia. Eu gostaria que você estivessem estado lá para ver. Eu aprendi muitas coisas do demônio. Ele é meu amigo. Ele me ensina muita coisa sobre a minha fé católica. Então eu lhes digo que a única paz é a paz de Jesus.

Então eu perguntei a essa jovem:

- O que você fazia então todos os dias no seu intervalo de almoço? Você brincava com as outras meninas?

- Nunca. - ela disse. - Eu me sentia muito só. Eu não tinha mãe. Mas eu ia a esse pequeno templo hindu que era perto da escola e ficava lá sentada diante daquele homem santo, porque aí eu me sentia em paz. Eu me sentia cheia de paz.

E você sabe que paz era aquela. Eu dou graças a Deus porque através de todos esses casos eu aprendi muito mais sobre o evangelho, de modo que eu posso ensinar muito mais.

Duas semanas depois ela veio para o retiro. O retiro começou numa noite de sexta-feira. Depois da palestra de abertura nós tivemos a adoração do Santíssimo Sacramento. E depois de uma pequena oração eu disse para às pessoas:

- Aqueles que quiserem receber oração, venham para frente.

Era apenas uma oração de preparação, não era ainda oração de cura ou oração de efusão do Espírito. Era apenas uma oração para que eles tivessem um bom retiro, era uma oração para que eles tivessem uma boa noite de sono. Era só para que tirasse qualquer medo, qualquer preocupação que impedisse uma boa participação no retiro.

O Santíssimo Sacramento estava no altar e então eu pedi para aqueles que quisessem, que viessem para frente e se ajoelhassem para nós podemos rezar. E a primeira pessoa a vir foi aquela garota. Ela veio e se ajoelhou em frente ao Santíssimo Sacramento. Então, quando eu a vi chegando, eu fiquei um pouco preocupado.

“Bom, se eu começar a rezar por ela agora - pensei - ela vai fazer um escândalo, um barulho, vai atrapalhar tudo”.

Aos poucos a primeira fila foi se enchendo e eu comecei a rezar pelas pessoas de dois em dois. Quando eu cheguei perto dela eu pulei porque eu pensei que se eu colocasse a minha mão sobre a sua cabeça, tudo poderia acontecer. E as pessoas vão ficar assustadas, e ninguém vai dormir à noite.

Uma vez eu estava dando um retiro no norte da Índia e havia um caso de possessão. E eu pedi a alguns padres:

- Venham me ajudar a rezar. Assim vocês vão poder aprender como se reza para umaa libertação.

Mas eu fiquei sabendo no dia seguinte que nenhum daqueles jovens, daqueles padres que me ajudaram a rezar não dormiram a noite toda.

(risos da plateia)

Por eu nunca chamo muitos padres para me ajudar a rezar, é melhor que eles durmam bem.

(risos da plateia)

Então veio a segunda fila de pessoas para receber oração. Novamente eu comecei a rezar, 2 pessoas de cada vez, e estava ela lá de novo, pulei novamente.

(risos da plateia)

Finalmente todas as 120 pessoas tinham recebido oração e a menina estava lá, ainda. O que eu poderia fazer? "O quê que eu vou fazer?", "Bom, eu vou ter que rezar por ela".

Então eu cheguei perto dela assim, já meio preocupado com o que poderia acontecer, impus minha mão sobre sua cabeça, nada aconteceu. Usei a minha mão sobre a sua cabeça bem de leve, somente tocando um fio de cabelo...

(risos da plateia)

Eu coloquei a mão toda, e nada aconteceu. Apertei, nada aconteceu. Então pressionei mais, nada aconteceu.

Então ela me disse depois o que realmente tinha acontecido: ela disse que quando se aproximou do Santíssimo Sacramento e se ajoelhou diante do Santíssimo Sacramento - e eu só estou contando esta história por causa do que aconteceu ontem - ontem foi o dia do Santíssimo Sacramento e para nós, na tradição católica, o Santíssimo Sacramento é a "arca da nova aliança", é o sinal visível e real do amor, da vida, e da presença de Deus.

Então ela disse que quando ela veio e se ajoelhou diante do Santíssimo Sacramento, ela simplesmente olhou para o Santíssimo Sacramento. E assim que ela olhou para o Santíssimo Sacramento, ela sentiu que algo nela a estava deixando. Eu posso me lembrar que ela ficava olhando para o Santíssimo Sacramento e nem podia piscar. O que eu nunca esqueci foi do rosto dela, das feições dela olhando direto para o Santíssimo Sacramento. Ela disse:

- Senti que algo pulou para fora de mim.

Você sabe o que é que pulou para fora dela. Era o próprio demônio.

Então quando eu vim e impus a mão sobre a cabeça dela, em nome da Igreja, ela sentiu alguma coisa estava entrando nela. E você sabe o que era que estava entrando: era o Espírito Santo.

Até mesmo antes do retiro começar, essa garota foi instantaneamente libertada e curada de todos os seus males. Aplausos ao Senhor por causa disso.

(aplausos)

Terminando este ensinamento, quero dizer é para vocês que o nome dela era "Salvação". (acha graça)

(risos da plateia)

(aplausos)

E então ela começou a dar o seu testemunho em qualquer lugar que eu ia dar um retiro. Então eu vou contar para vocês o que aconteceu naquele retiro. Ela precisava daquele retiro não tanto para a libertação, mas muito mais por cura interior.

E durante aquele retiro o Senhor a inspirou para que ela partilhasse comigo todas as coisas, todos os fatos da sua vida, porque frequentemente o demônio entra no nosso coração a partir dos ferimentos que nós sofremos na nossa família.

E qual foi o ferimento que abriu, deu a porta de entrada nela para que o demônio que pudesse se instalar? Foi a morte da sua mãe, e a sua mãe tinha morrido quando ela ainda era uma menina.

Especialmente se você ama demais a sua mãe, se você está muito ligado, a morte da sua mãe traz para você muita dor. Pior do que isso, porque é que a sua mãe morreu? Muitas vezes não é nem a morte que nos fere muito, nos traz muita dor, mas muito mais é como essa morte aconteceu.

A sua mãe tinha sido assassinada. É muito mais doloroso.

Por quem? E isto é mais doloroso ainda. A sua mãe havia sido assassinada pelo seu próprio pai. Isso faz a coisa se tornar muito mais dolorosa.

E sua mãe foi assassinada por seu pai na frente de seus próprios olhos. É muito mais doloroso. Seu pai era um alcoólatra e num momento de fúria ele matou sua esposa.

Então o seu pai foi parar na prisão e então ela perdeu também o seu pai. E o mais doloroso justamente é que ela amava o seu pai tanto quanto  amava sua mãe e agora ela estava sem os dois.

O que é mais doloroso para uma criança? É quando elas são obrigadas a decidir entre o pai e a mãe. E a mãe quer que a criança fique com ela e o pai quer que a criança fique com ele.

Mas cada criança é dos dois: do pai e da mãe. E agora as pessoas estão colocando em cima das crianças o peso de tomar uma decisão dessas, de ficar com o pai ou com a mãe. E isso é cruel. E isso é diabólico.

E é isso que trouxe nela um vazio no coração, um ferimento no seu coração. Ela não sabia o que fazer. Onde estava a Igreja? Onde estavam os padres? Ela teve que ir a um templo hindu. Ela teve que ir a um guru pagão. E é isso que trouxe o mal para a sua vida.

Mas Deus amou. O Senhor teve pena dela.

E, como Jesus fez com a filha daquela mulher pagando no evangelho, foi o mesmo Jesus que o operou essa cura nessa jovem. E toda sua vida, toda sua família é uma nova vida e uma nova família. E o seu nome, "Salvação", nos lembra que Jesus é o único que nos traz a salvação. Amém.

(aplausos)