CASO: A vida de Paulinho (série PEQUENO PENSAMENTO)

CASO: A vida de Paulinho (série PEQUENO PENSAMENTO)

Paulinho era um rapaz feliz.

Encontrava no seu salário fonte de sustento.

Ele não tinha muita coisa.

Era atrapalhadinho para com seu dinheirinho.

Gastava praticamente tudo que recebia pois tinha alguma inexplicável carência interior que lhe trazia a compulsão de gastar. Ele nunca soube o motivo disso, de ser gastão.

Gastava em coisas não tão úteis: refrigerante, salgadinho, revistas, jornais, restaurantes caros, viagens, roupas caras, todos os lançamentos de celular e computadores...

Então...

Certo dia o banco ligou para o Paulinho oferecendo um pacote incrível: cheque especial, crédito barato e um cartão de crédito.

Coitado do Paulinho!

Ele, que se contentava em gastar quase tudo o que recebia, agora passou a poder gastar ainda mais, podia comprar tudo que desejava sem ter que esperar para juntar grana!

Uau!

E naqueles meses seguintes comprou roupas e mais roupas, sapatos, um celular novo - o velho era 2G, ele queria o da "nova geração" -, trocou de carro pagando a prazo em 60 vezes.

Que felicidade!

E então...

De repente, nos meses seguintes, Paulinho percebeu que começaram a aparecer débitos além dos juros: "taxas de sobreuso do cheque especial", "IOF", tra-la-lá.

E aquela euforia de Paulinho foi-se embora, pois chegaram as aflições: conta negativa, todo mês sendo descontado as prestações, que passaram a ser crescentes, pois ele havia negociado que os juros seriam conforme a inflação.

O salário dele não subia conforme a inflação, mas os gastos sim, inclusive juros.

E Paulinho se enrolou todo! Nome sujo na praça, começou a pedir dinheiro emprestado aos parentes e depois aos amigos.

E todos lhe emprestaram, pois Paulinho era muito considerado na comunidade e na roda de parentes e amigos que frequentava.

Ele tentou manter o nome limpo, mas chega uma hora que não conseguiu mais, os recursos que entravam não lhe eram suficientes para cobrir as prestações.

Os amigos? Desapontados.

Os parentes? Desapontados.

Todas as tentativas que o Paulinho fez foram infrutíferas: rolar a dívida não estava adiantando, a dívida assumiu proporções monstruosas. Paulinho agora só gastava o necessário, não tinha mais dinheiro para comprar nada e passou a viver muito, mas muito apertado.

E o pior! Sabe aquele carro? Foi roubado e ele, como tinha deixado atrasar várias prestações, o seguro não lhe pagou, pois a prestação do seguro estava embutida na compra efetuada! E depois encontraram o carro totalmente destruído, queimado e abandonado.

Paulinho nem saía de casa pois não tinha dinheiro para ônibus, pedia o passe escolar do filho do vizinho para economizar.

Livrou-se de tudo o que era inútil e mudou radicalmente seu modo de viver.

Mesmo assim os amigos pararam de ajudar e ele entrou em depressão.

Sentiu-se envergonhado de tudo o que fez e se recolheu em profunda meditação.

Nesse momento de recolhimento, Paulinho percebeu que precisava de ajuda e procurou um advogado famoso na sua região.

Esse advogado não lhe cobrou honorários, ele também havia passado por uma situação parecida antes de se tornar advogado.

O advogado, já quase por se aposentar, era especialista em ler corações e viu que Paulinho era boa gente e ele estava naquela situação por questão de circunstância, ele foi envolvido por uma situação sem saída.

O doutor chamou o seu melhor amigo, que é multimilionário, e os dois combinaram que iriam ajudar Paulinho, já que Paulinho tinha tentado se ajudar, mudou o seu comportamento de consumir tudo o que lhe via na frente e ser mostrou verdadeiramente arrependido.

Passou a separar um dinheirinho todo mês para pagar ao advogado, pois tudo o que lhe foi dito tinha sido um simples "pague quando puder".

O doutor e o multimilionário saldaram todas as dívidas de Paulinho.

Hoje, com a vida estabilizada, Paulinho só gasta o que tem, guarda parte do dinheiro para pagar ao multimilionário e ao advogado, que ele tem em mais alta conta.

Trabalha 12-14 horas por dia para pagar o que deve, exclusivamente com o sentimento de gratidão, pois foi lhe dado uma segunda chance.

Paulinho voltou àquela vida feliz que tinha, antes de conhecer o cartão de crédito e o crédito fácil.

Todos nós temos um Paulinho no nosso coração.

Mas, não é só por culpa de Paulinho que ele é gastador: existe alguma causa-raiz que ele não chegou a identificar e que estava oculto.

O salário é o tempo de Deus.

Não é aconselhável querer mais do que Deus lhe concede a Seu tempo, em Sua sabedoria.

O salário variará à medida que Deus julgue, em Seu amor, que lhe seja necessário, então trabalhe confiando Nele.

Esse merecimento vem da vida espiritual que você tem: o arroz com feijão, o café com leite e, de vez em quando uma ida à pizzaria ou ao restaurante. Ou seja, a oração, participação nas missas...

Não é necessário jantar em Paris ou Tóquio ou no Edifício Itália. Uma refeição basta. Portanto, não é necessário peregrinar por todas as catedrais que existem por aí.

Se for da vontade de Deus você irá até mesmo ao Vaticano conhecer o Papa.

É necessário - sim - viver se contentando com o que tem, sendo muito grato a Deus por sua saúde e seu bem estar atuais.

Não se contentar com o que tem gera lixo, poluição, danos ao meio ambiente, no mundo material.

Não se contentar com o que tem gera lixo, poluição, danos ao meio ambiente, no mundo espiritual.

O cartão de crédito, a conta no banco com crédito fácil, são as tentações que o demônio nos reserva: ele afirma que você pode ter tudo e que terá todo o tempo do mundo para pagar por tudo o que comprar agora, nesta vida.

Afinal de contas, você tem até 40 dias para pagar...

Se não puder pagar em 40 dias, parcele... role a dívida para o mês seguinte.

O cartão de crédito lhe dará esse poder de consumir, basta assinar o contrato.

Deus dá, o demônio vende.

Inflação é o tempo do mundo: você pode estar em um navio que afunda, um avião que cai, sofrer um assalto ou ainda estar no meio de uma guerra, matando outros para não morrer, porque algum líder do país resolveu que algo feria o "orgulho nacional da mãe pátria". Filho da mãe!

Então, envolvido pelo mal do mundo, você acaba gerando mais juros a pagar, novas dívidas espirituais são contraídas, novos sofrimentos, quando você é envolvido numa situação dessas.

Através da influência do "mundo dos homens" acabamos por aceitando o crédito fácil.

O crédito fácil está baseada na ideia de que você tem todo o tempo do mundo para pagar, não só os 40 dias.

Jesus teve 40 dias de deserto. Todos nós teremos nossos desertos espirituais, onde nos fortaleceremos na graça do Espírito Santo.

Mas os meses e meses seguintes, o parcelamento da dívida, essa é em resumo a explicação da reencarnação, de que teremos vidas e mais vidas pela frente para pagar por nossos pecados.

Ao continuarmos nesse caminho, de acreditar que existe uma lei cármica, que ficamos preso a esse pensamento e nosso sofrimento será maior pois nos conformaremos e diremos "Tenho que passar por isso", "é o destino".

É por isso que Jesus cura. Cura o destino.
É por isso que Jesus liberta. Liberta o destino.
É por isso que Jesus faz novas todas as coisas.

E você, se aceitar, se se deixar conformar acreditando que é seu destino, a libertação não estará completa, Jesus não poderá curar a sua cegueira espiritual, o seu ouvido espiritual e nem as suas pernas ou mãos espirituais.

Acreditar que teremos muitas vidas pela frente, que não é importante o que você faz hoje, pois podemos rolar a dívida do cartão, isso se chama ilusão, o de prolongar nosso sofrimento.

Você é importante, sim, para os planos de Deus no aqui e no agora, não na vida futura.

Quantos suicídios podem não ter acontecido, porque a pessoa acha que vai ter uma nova vida?

Esta é a razão de termos que viver do que conseguimos pagar à vista.

Ao sucumbirmos à tentação, saímos da Igreja e procuramos por "outras soluções": procuramos pelo cartão de crédito e cheque especial em outros ensinamentos, buscar a felicidade fora do Jardim do Éden. A serpente ataca de novo e de novo e de novo.

O bondoso advogado é o sacerdote atento à nossa salvação espiritual. Não saberemos a origem dele, mas ele também deve ter passado por algo que o levou a esse caminho espiritual, talvez uma graça muito grande, talvez uma vocação muito forte, talvez uma profunda busca de reconciliação com Deus.

Ele está ali, de prontidão por toda uma vida, para auxiliar os aflitos. Ele não se casa para poder se dedicar a seus filhos espirituais. Deixa os encargos do lar para cuidar de encargos pesados, espirituais, sofrendo ataques por toda uma vida.

Seus filhos são os de toda a paróquia, pois ele se casou com a Igreja para dedicar toda sua vida procurando por ovelhas desgarradas, pronto para acolhê-las no rebanho de Jesus. - reconheçamos, que decisão de vida!

O multimilionário é Jesus. Ele não exige nada em troca a não ser que a acredite Nele. Ele é real, sua presença é real.

Jesus resgata todos os seus pecados espirituais, paga todas as contas, limpa o seu nome e zera o seu saldo negativo no banco. Não mais incidirão juros sobre sua dívida.

E Ele lhe dá uma nova chance de recomeçar do zero, quebrando o pacto feito com o demônio na hora da tentação.

A tentação é a maior fonte do mal "no mundo", é a forma mais comum de ação do demônio. É uma das três fontes do mal que o Padre Rufus nos ensinou em suas pregações.

As grandes lições que Paulinho teve dessa experiência, ele as levará para sempre e ensinará aos seus filhos, vivendo profundamente o seu testemunho por todos os dias da sua vida, louvando e agradecendo a Deus, pois mesmo que ele tivesse errado, Jesus o socorreu na hora mais difícil e o conduziu de volta ao seu arroz com feijão: a oração de um coração humilde e arrependido.

Ele não precisará esperar por outras milhares de reencarnações e vidas futuras. Jesus zerou todas as suas contas e dívidas: o nome dele está limpo. Nem precisou nascer de novo.

Finalmente, os juros extorsivos.

Satanás os cobra através de noites maldormidas, sofrimento emocional, perda da paz interior, da paz em casa, da paz pessoal, através da rejeição dos familiares e amigos. Ele se alimenta dos sentimentos de Paulinho: os sentimentos de rejeição, culpa, inferioridade e medo.

Satanás encontrou alguma porta de entrada em Paulinho, aproveitando-se de alguma causa-raiz por onde ele invadiu seu coração, no momento em que o próprio Paulinho desalojou o Espírito Santo visando receber um aluguel mais alto, buscando receber além do justo.

Principalmente: Paulinho pagou por adquirir um profundo sentimento de inferioridade, do que o demônio escarneceu muito. O demônio não ri, ele é muito sério nas coisas que faz. É sarcástico e inteligente, age através de novelas, filmes, até mesmo de ideias de que você está preso ao destino.

Satanás se alimenta de sua ira, do seu maltratar os amigos, maltratar os familiares, pois neles você encontra ainda o aconchego do amor e esse amor sofre.

Satanás se alimenta das decepções, da dor sua e dos que o amam. Do desespero. Esse é o principal banquete desse Espírito do Mal.

Não, Deus nos fez a cada um de nós de acordo com a Sua própria imagem e natureza espiritual perfeita.

Jesus tirou todo esse poder de Satanás lhe fazer o mal.
Jesus devolveu a paz interior para Paulinho.

O dinheirinho que Paulinho reserva é o dízimo, ou a contribuição que você deixa para que a obra de Deus seja mantida. Pense nisso.

Quando Abrão decidiu sacrificar tudo o que tinha de mais precioso em nome de Deus, ou seja, obedecer à vontade de Deus e sacrificar seu próprio filho amado, ele se tornou Abraão. E Deus abençoou todas as futuras gerações, fazendo da nação dele filhos numerosos como as estrelas.

À missa, se você não for dizimista, que tal dar por holocausto, em agradecimento ao Senhor, a maior nota que você tem no seu bolso, em vez da de dois reais? Como prova de verdadeira e sincera gratidão?

Se você acreditar que "a maior nota é muito", "que 10 reais está bom", "vai fazer falta", talvez ainda não haja fé total de que o que você dá a Deus recebe de volta com juros em dobro.

O Banco Divino é aquele que nunca deixa sua conta zerar e rende juros absurdamente estratosféricos. Cada centavo depositado ali, acontece o milagre da multiplicação dos peixes e dos pães. Até mesmo hoje esses milagres acontecem.

A Igreja ainda é o que mais faz pelos necessitados, mantém hospitais como a Santa Casa e distribui cestas básicas aos montes, não é só no natal, mas todos os dias do ano.

Que tal sair hoje de casa, ir participar da missa com esse propósito? Jesus o espera lá de braços abertos.

De nada vale o dinheiro frente à possibilidade que temos de, na nossa própria ressurreição, solicitar ajuda ao que tem o poder de eliminar todas as dívidas que temos? Porque ele perdoa todas as nossas dívidas, assim como perdoamos a quem nos deve, não nos deixa cair em tentação e nos liberta, verdadeira, definitiva e prontamente do Maligno?

Não é assim que termina "A" Oração?

Hoje Paulinho trabalha para divulgar a palavra dando seu testemunho com a força que ele recebe do Alto, escrevendo com todas as forças.

Paulinho vive o seu dia a dia aguardando com respeito o tempo do Senhor. Ele sabe que vai receber o que Deus achar necessário lhe dar. Essa segurança o torna manso.

Ele não está mais preso ao passado e nem ao futuro, pois Jesus renovou todas as coisas conforme Sua promessa divina, e espera de Paulinho que ele não volte mais a pecar.

Na fé de Paulinho, Jesus prontamente quebrou a necessidade de futuras encarnações. Isso para que:

Para que Paulinho seja capaz de ser reflexo do amor divino.
Para que Paulinho seja um novo evangelizador, como São Paulo.
Para que Maria diga dele com júbilo: "Tal Pai, tal Filho... Tu és a cara do Pai."

Paulinho vive em cada um de nós. Ele deseja evoluir para Paulo ainda nesta encarnação.

"Apenas e tão somente uma só vida, apenas uma chance." (FKY)

Jesus deseja e espera que o coração de Paulinho aceite estar sempre cheio do avivamento no Espírito Santo.

Louvado seja.

Caso: o jovem professor doente por 9 meses

Caso: o jovem professor doente por 9 meses
Fonte: Jesus cura nossos corações feridos (1999)
Vamos terminar com uma história. Eu espero que vocês gostem de histórias. (a plateia se manifesta: “Sim”.)
Há alguns anos atrás eu fui orar por um jovem acompanhado de duas pessoas que estavam orando por ele. Então eu me lembrei de que eu conhecia bem esse jovem, ele tinha sido um professor na minha escola quando eu tinha sido diretor. E, para a minha grande surpresa, contaram para mim que ele estava doente, de cama, por mais de nove meses, e eu falei:
- Mas por que não falaram antes para mim?
- Nós tentamos contatar o senhor na nossa paróquia, mas o senhor nunca estava lá. Nós perguntávamos: “Cadê o Padre Rufus?” e nos diziam: “Acho que nem mesmo o Espírito Santo sabe onde ele está”. (risos)
Então ele esteve doente por nove meses. E durante esse período ele tinha febre alta, não conseguia dormir, todas as noites sofria de terríveis dores, e nem mesmo os remédios para dormir, injeções, faziam efeito. Por um mês ele esteve no hospital do câncer para observação, mas os médicos disseram para ele: “Você não tem câncer, mas a nós fizemos tantos raios-X que você pode ser que fique com câncer”.
Por dois meses ele ficou num sanatório para tuberculosos e tomou mais de 120 injeções, mais do que o máximo permitido, e então os médicos que já tinham perdido as esperanças. E ele estava magro, só pele e osso, esperando pela morte.
Então eu fui falar com ele e ele começou a culpar outro professor na escola e ele dizia:
- Aquele professor colocou uma maldição sobre mim, e é por isso que eu estou doente.
Frequentemente as pessoas dizem isso para mim: “Alguém fez alguma coisa para mim”. Pode ser verdade, mas frequentemente nós é que nos abrimos para aquela maldição. Eu conhecia outro professor, ele era incapaz de proferir maldições, então eu sabia que essa não poderia ser a única razão dessa doença. Quando eu comecei a falar um pouco mais com ele eu compreendi que ele tinha um grande ódio para com o seu sogro.
Seu sogro era um dos homens mais ricos de Bombaim e tinha dado sua única filha para se casar com esse professor. E aquele casamento foi celebrado em grande estilo, mas apesar disso, seu sogro não passou dinheiro, o dote para o genro. Isso porque na Índia o dote é muito importante. E, mais do que isso, quando esse mestre voltou para o trabalho, em vez de ajudá-lo, seu sogro começou a falar mal de seu nome e dizendo às pessoas que tinha cometido um erro ao dar a mão de sua filha para esse mestre. Então a reputação desse mestre começou a cair e ele passou a ter um ódio mortal de seu sogro.
Todos os dias o pessoal do grupo de oração vinha rezar por ele, e diziam para ele:
- Perdoe o seu sogro...
- Eu não sou capaz de perdoar.
- Perdoe o meu pai - dizia sua esposa.
- Eu não quero perdoar, eu não sou capaz de perdoar.
Então ele disse para mim:
- Padre, você também: não me diga para perdoar o meu sogro.
- Mas e eu estou dizendo para você perdoar?
- Padre, você é a primeira pessoa que está me dizendo que eu preciso perdoar. - Então ele ficou feliz, mas a sua esposa ficou zangada comigo. - Eu não disse para você perdoar o seu sogro porque eu conheço a sua família muito bem, mas os outros não conhecem tão bem quanto eu. Então, se eu estivesse no seu lugar, filho, eu também encontraria dificuldades em perdoá-lo. Mas o que eu quero que você faça? Eu quero que você reze comigo, pedindo a Jesus para curá-lo das maldições do seu coração, eu quero que você entregue o seu coração para Jesus, e isso é tudo.
- Isso eu posso fazer - ele disse.
- Tudo bem. E como você é carismático, você pode fazer a sua oração espontaneamente.
E ele começou a orar:
- Senhor Jesus, você sabe o quanto o meu sogro me feriu. Todo mundo está me dizendo para perdoar o meu sogro, mas eu não me sinto capaz de perdoá-lo. Minha mulher está me dizendo para perdoá-lo, mas eu não quero perdoá-lo. E, Jesus, você também não venha a me dizer para perdoar. Mas eu não quero esse ódio no meu coração: tire esse ódio do meu coração, cure-me das causas desse ódio. - E então ele se voltou para mim. - Padre, eu estou rezando direito?
- Você está rezando perfeitamente, do jeito que os salmistas rezam na Bíblia.
Você sabe como os salmistas rezam? Metade do tempo eles estão com raiva de Deus, mas metade do tempo eles estão amando Deus. (acha graça)
Então ele fez essa oração, então eu disse:
- Agora eu vou rezar por você. Vou rezar primeiro para que você tenha um bom sono - porque ele estava há nove meses sem dormir. E eu rezei por ele e imediatamente ele dormiu.
Então eu saí de Bombaim e depois de dois meses eu voltei a Bombaim. E então ele me disse o que aconteceu: ele dormiu por uma meia hora, então ele se levantou, pediu comida, que ele não conseguia comer por muito tempo, e voltou a dormir até a noite seguinte. Acordou, tomou um banho e saiu para caminhar, estava completamente curado, não havia nada fisicamente de errado com ele segundo o relatório médico.
Mas ele estava cheio de ódio, era o seu ódio que estava, como um câncer, comendo o seu espírito, comendo a sua mente e comendo seu coração e comendo até mesmo o seu corpo. Era como se fosse um câncer.
Depois disso, ele foi para a Arábia Saudita para um trabalho de quatro anos, e, desde o dia de sua cura, ele jamais ficou doente. E depois disso ele se tornou um técnico de time de futebol num grande clube de Bombaim.
E, quando eu lembro daquele dia, quando eu vi aquele homem na cama como um esqueleto, sem nenhuma esperança, e agora, um homem forte, treinando os rapazes, jogando futebol com eles, então eu compreendi o tremendo poder da falta de perdão e do ódio para fazer uma pessoa doente, para fazer com que uma pessoa esteja vulnerável ao trabalho de Satanás.
E, quando nós oferecemos o mandamento de Jesus e começamos a perdoar os nossos inimigos, e a amá-los, e a começar a rezar por eles, a cura acontece com frequência instantaneamente, e de forma completa.
 Louvado seja o Senhor!

Caso: o intelectual de Bombaim

Caso: o intelectual de Bombaim
Fonte: Deus é por nós (1999)
Eu estava abençoando casas durante a Semana da Páscoa na minha paróquia, em Bombaim. E cheguei a uma casa muito grande e estava batendo na porta mas não teve resposta. Toquei a campainha, não houve resposta, e um dos rapazes que estavam me acompanhando me disse:
- Padre, não vá nessa casa, que ai mora um alcoólatra.
- Eu sei disso, mas eu ouvi dizer que ele tinha mudado e estava frequentando os Alcoólatras Anônimos.
- Padre, ele voltou a beber, teve uma recaída.
Nesse momento uma senhora da casa vizinha olhou pela janela que me disse:
- Padre, não vá a essa casa. Aquele homem vive como um porco em sua casa, que a sua casa está parecendo um chiqueiro.
- Eu não vim para abençoar casas, mas para abençoar lares. – eu disse.
E eu continuei a tocar a campanha. Então, de repente, a porta se abriu, e aquele homem olhou para mim. Eu o reconheci, e ele se desculpou porque tinha se esquecido que era dia de abençoar as casas. E eu sabia da sua história de vida. Ele pertencia a uma das famílias mais católicas de Bombaim, era como se fosse um sacerdote para a família. Mas, infelizmente, ele havia se tornado um alcoólatra e o seu matrimônio se dissolveu, ele se tornou pobre e quando eu entrei para abençoar, aquela casa parecia mesmo um chiqueiro.
Ele estava com os olhos inchados, estava com o cabelo despenteado, e sua casa estava com coisas jogadas por aqui e por ali.
Eu não vi nenhum móvel na casa, porque ele tinha vendido todos os móveis para comprar comida de vida. Eu vi que ele não tinha nem mesmo roupas, a única que ele tinha era aquele short. Ele me disse depois que ele tinha vendido todas as suas roupas para comprar bebida.
Depois de abençoar toda aquela casa, eu fui tomado pela compaixão Jesus, percebendo a dor e a humilhação que tinha sido trazido para essa família.
- Eu espero que você possa mudar! – clamei.
Mas ele falou para mim, ele chorou:
- Padre! Eu quero mudar! Mas me diga como!
Eu não sabia então as respostas como eu sei hoje, mas eu percebi que havia uma estátua linda do Sagrado Coração de Jesus na entrada daquela sala, e eu o levei para frente dessa estátua e disse para ele:
- Eu quero que você prometa a Jesus que, a partir deste momento, você não vai mais tocar em nenhuma gota de álcool.
Porque é que eu disse aquilo, eu não sei. Então eu o levei para uma oração de arrependimento, para uma oração de perdão, para uma oração de renúncia, que  o levei para orar aceitando Jesus como mestre e Senhor, para orar e aceitar o Espírito Santo para que preencha toda a sua vida. E então eu deixei para aquela casa. Se você me perguntasse então:
- Padre, você acha que a sua oração ajudou esse homem?
- Francamente, não. – eu teria dito.
Mas até então eu não tinha toda a fé. Eu só tive fé quando eu estava rezando por ele e depois me esqueci do caso.
Um ano mais tarde o padre da paróquia foi convidado para uma festa na casa  de um dos paroquianos. e todos nós fomos, era uma grande casa. e em todos os cômodos havia convidados. E, num certo momento, o dono da festa, o anfitrião, levantou-se e falou:
- Vocês devem estar se imaginando por que é que foram convidados para esta festa. E devem estar imaginando porque é que aqui só tem refrigerante. Foi que, hoje, exatamente há um ano atrás, um padre entrou nesta casa...
E quando ele começou a contar essa história, os meus cabelos começaram a se arrepiar, porque eu percebi que fazia exatamente um ano que eu tinha ido para aquela casa.
 (aplausos)
E era verdade que a partir daquele momento de oração, há um ano atrás, ele não tocou tem nenhuma gota de álcool mais. O Senhor o libertou completamente do seu alcoolismo e, mais do que isso, seu corpo, que estava cheio de doenças, que os médicos já tinham dado somente dois meses de vida para ele, quando o Senhor tirou dele esse alcoolismo, o Senhor também o curou de todas as doenças físicas.
Então o Senhor fez com que ele percebesse que ele poderia ajudar a todos os alcoólatras de Bombaim. Então ele começou a se juntar aos grupos de Alcoólatras Anônimos e deu aquele poderoso testemunho. E terminava o seu testemunho com duas frases:
- Eu agradeço a Deus, meu pai, pelo encontro de amor que aconteceu aqui. Eu era sempre visto na sarjeta, caído, no submundo de Bombaim. E se eu não tivesse chegado a esse ponto, eu não teria experimentado o quanto Deus me ama.
E em segundo, ele diria:
- Há somente uma pessoa a quem agradeço, e esta pessoa é o nosso Senhor, Jesus Cristo, por me dar esta última chance, por esta última chance de voltar à casa de meu Pai.
Louvado seja!

Caso: a filha que amava a mãe mas odiava a mãe

http://www.padrerufus.net.br/God is for us.html

Caso: a filha que amava a mãe mas odiava a mãe
Fonte: Deus é por nós (1999)
Um dia uma senhora veio até a mim para aconselhamento. E isso foi o que ela me disse:
- Padre, eu odeio a minha mãe.
- Por quê?
- Porque ela nunca me corrigiu, e eu pensava que tinha a melhor mãe do mundo. Mas, agora eu compreendo que, se ela tivesse me corrigido, minha vida não estaria nessa confusão que está.
Mas o quê que Deus, nosso Pai, faz conosco? A Bíblia é muito enfática ao dizer isso, que Deus não é só um Deus que nos ama, mas ele nos corrige e às vezes nos pune, ele está sempre nos disciplinando.
Por exemplo, a Bíblia diz: “Deus, nos educa como um pai educa os seus filhos”.
Novamente a Bíblia diz: “Se Deus não nos corrigisse, nós não poderíamos chamar Deus de pai”. E a Carta aos hebreus diz: “Você pode contar como uma grande graça o fato de Deus nos corrigir. O nosso pai terrestre nos corrige, mas somente para as coisas terrenas. Mas Deus, nosso Pai, nos corrige para as coisas eternas, pertencentes à eternidade.
O nosso pai terrestre às vezes nos corrige de modo errado, porque ele é humano e nós somos humanos. Mas, quando Deus nos corrige, ele está sempre certo, é para o nosso bem.


Portanto, a Carta aos Hebreus diz: “Aceite como graça, como bênção, olhe para estas correções como o sinal do amor de Deus. Deus nos corrige, e às vezes é doloroso a gente receber essas correção, mas Deus sabe o que está fazendo”.

Caso: cadê minha mãe?

Caso: cadê minha mãe?
Fonte: Deus é por nós (1999)
Eu estava dando um retiro em Goa, na Índia. Era para jovens pobres daquela estado, e todos vieram de casas, de lares muito pobres.
Todos vieram de lares em que o pai era alcoólatra, ou lares em que o pai era muito violento. E um dia uma menina veio fazer um aconselhamento comigo, e veja o que ela me disse.
Quando ela tinha 3 anos, o seu pai havia deserdado a família por uma outra mulher. Então, a mãe ficou cuidando dela, mas ela teve que ir para o Kuwait, para trabalhar e sustentar a família, deixou aquela pequena filha com um casal de idade em outra cidade, em Goa.
E aquela mãe já tinha trabalhado lá como doméstica. Aquele casal de idosos amaram muito aquela menina: deram a ela educação, cuidaram dela muito bem.
Depois de cinco anos, aquela mãe retornou para Goa para umas férias, um mês de férias. Então essa menininha, que estava agora com 8 anos, ela estava esperando por todo esse tempo para se encontrar com a sua mãe, que ela não tinha visto por 5 anos.
E quando as férias da mãe terminaram ela voltou para o Kuwait sem visitar a sua filha.
Então, quando essa jovem veio falar comigo para pedir aconselhamento, você pode imaginar o tamanho da machucado no seu coração? Das chagas em seu coração?
E, quando eu orei por ela, todos aqueles anos de tristeza e de amargura vieram à tona. Vieram à tona em rios de lágrimas, de choro. Mas o que é que Deus, nosso Pai, diz? No Antigo Testamento Deus diz para Isaías: “Pode uma mãe esquecer o seu filho? Pode uma mãe esquecer o filho que veio de suas entranhas? Mesmo que ela esquecesse - Deus diz -, eu não esquecerei, porque o seu nome está escrito nas palmas de minhas mãos”. Mas isso não é nem mesmo necessário, porque Deus disse: “Eu estou sempre pensando em você, você está sempre nos meus pensamentos”.
Então é nada menos do que Jesus nos disse, para chamar a Deus de Pai.

Caso: A garotinha inglesa e seu vizinho

Caso: A garotinha inglesa e seu vizinho
Um certo dia eu estava na casa de um amigo na Inglaterra, e eu estava olhando para a netinha de um amigo meu. Ela tinha cerca de quatro anos.
Ela estava brincando com o garotinho vizinho, da família vizinha. E o menino estava se gabando do seu pai, falando para a menininha - e você sabe como os menininhos são -, os garotinhos gostam de contar vantagens de seu pai. E, num certo momento, ele perguntou para a menina sobre o pai dela.
Eu sabia que os pais daquela menina estavam separados, e a menina estava vivendo somente com a mãe. Por um momento a menininha não soube o que dizer, não sabia o que falar, e, repentinamente, ela apontou para mim e disse para o garotinho: “Ó, aquele lá é o meu pai”. (risos)

Esta é a razão pela qual nós lemos na Bíblia, que Deus criou cada um de nós para termos ambos os pais.
Aquela menininha queria o seu pai, aquele menino tinha os dois. E a mãe e o pai é que, juntos, vão ser o reflexo do amor de Deus. O reflexo de Deus para nós não está perfeito se às vezes um dos pais não está presente.
Novamente, por que é que nós precisamos chamar a Deus de nosso Pai?
Porque ele nos ama, ele não simplesmente nos criou e nos deixou por nossa conta, mas a Bíblia disse que ele nos ama, o que significa que ele quer ter um relacionamento pessoal com cada um de nós.

Enquanto isso...

Uma das palestras que mais marcaram a minha vida foi onde Padre Rufus afirmou que Deus muitas vezes se utiliza de instrumentos quebrados, pessoas aflitas: o publicano Mateus, Maria de Magdala, Zaqueu e até mesmo Barrabás.

Jesus foi condenado à cruz tendo à sua direita e esquerda dois terríveis ladrões. Os dois não seriam crucificados se não tivessem cometido inúmeros crimes considerados terríveis. Não sabemos quais foram os crimes, mas um ficou conhecido como o "bom ladrão" e o outro não. 

Um dos apóstolos - o traidor, segundo outros o predestinado, já que sem a traição dele o papel de Jesus na terra não estaria completo - também morreria, mas por suicídio, Judas. Este roubou os sonhos dos apóstolos e discípulos, ao trair Jesus. 

Aos olhos terrenos, um líder religioso executado pode soar como que um fracasso, mas a vitória do divino nos foi assegurada. Preso à cruz, Jesus fez a maior das suas pregações, ao resistir à sua última tentação: 

"Desça da cruz! Se for o filho de Deus, desça da cruz!"

Através de seu sacrifício divino, mesmo depois de 20 séculos, seu Reino atravessou gerações, impérios e guerras, e a semente plantada, em pouco mais de 100 gerações, atingiu um enorme rebanho de ovelhas.


Ovelhas negras

Mas curiosamente existia o terceiro ladrão, que foi liberto do cativeiro e se chamava Barrabás, que Cristo libertou através de seu sacrifício de Cordeiro de Deus.

Ao libertar Barrabás por sua morte, para depois ressurgir dos mortos, Jesus nos mostra o propósito divino de salvar os pecadores, principalmente, quaisquer que tenham sido os pecados cometidos.

A libertação de Barrabás tem duplo sentido, a libertação física e espiritual.

Quem foi Barrabás, todos nós conhecemos superficialmente a fama.

Mas quem foi Barrabás, renascido, renovado, como este personagem do filme "A Paixão de Cristo", não sabemos, é para nós totalmente desconhecido. Mas existem sugestões do que pode ter sido a vida desse homem.


Enquanto isso...

A primeira vez que ouvi falar algo sobre "a conversão de Barrabás" numa palestra do Padre Rufus, não dei muita bola, acabamos nem transcrevendo isso. Nessa época estava muito preocupado em entender o conteúdo de cura interior e libertação.

Depois ouvi a história de que Mel Gibson havia passado por um período difícil da vida e, em 2009, A Paixão de Cristo havia sido lançado.

Ao mesmo tempo ouvi nas palestras do padre acima que os gregos chamavam a paixão de Cristo de "loucura" e que cristãos da época eram considerados, de certa forma, e a palavra não é esta exatamente, mas "malucos" por amor.

De fato, pesquisando um pouquinho só, descobrimos um artigo da revista Reader's Digest de Portugal e um post da revista Mundo Cristão.

Espero que a leitura abaixo seja agradável aos seus olhos espirituais. 

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Mel Gibson: Guardião da fé

Numa entrevista exclusiva, Mel Gibson fala do percurso espiritual que conduziu ao seu controverso novo filme, A Paixão de Cristo.
Leia o artigo no site original: http://www.seleccoes.pt/mel_gibson_guardi%C3%A3o_da_f%C3%A9


A vida não pára de surpreender Mel Gibson. 

Há 12 anos, despertou para a compreensão de que alcançara tudo o que sempre desejara — excepto um sentido na vida. Olhou para os Oscars, para o dinheiro, para tudo o que a fama e a fortuna oferecem, e concluiu que tinha de haver mais qualquer coisa. O caminho que encontrou não foi menos surpreendente: levou aquele que fora o Homem Vivo Mais Sexy a regressar à fé da sua infância, a uma revitalização espiritual que, diz ele, o transformou profundamente.
Pode ter-se transformado, mas não deixou de ser Mel Gibson, por isso era provavelmente só uma questão de tempo até realizar um filme sobre o homem que se encontra no centro dessa sua transformação, Jesus. A Paixão de Cristo, que estreou nos EUA no fim de Fevereiro e em Portugal no dia 11 de Março, tornou-se noutra dessas surpresas cósmicas para Gibson. Poucos foram os filmes que geraram tanta publicidade e controvérsia antes da estreia. Alguns críticos consideraram-no excessivamente violento. Outros insistiram que o filme reflecte uma visão dura, mesmo anti-semítica, do papel desempenhado pelos Judeus na morte de Cristo.
As críticas feriram Gibson, que começou por tentar defender-se e depois optou por se remeter ao quase silêncio. Agora, nesta entrevista exclusiva, fala com a autora Peggy Noonan, franca e abertamente como nunca, sobre a sua fé, a sua família, o seu futuro e A Paixão.
Reader`s Digest - Porque quis fazer este filme e durante quanto tempo acalentou essa ideia?

Mel Gibson - Tenho estado a incubá-lo há doze anos. Creio que a ideia germinou numa época da minha vida em que andava numa verdadeira busca. Debatia-me com todas as perguntas do Hamlet de Shakespeare: «O que há do outro lado? Por que estou aqui?» Parte dessa pesquisa passou pelo despertar da fé na qual fui educado. Portanto comecei a explorá-la em livros, sermões e teologias. Comecei a falar com peritos. É curioso que muitas das críticas que me atiraram … partem do princípio de que apareci com isto de repente, saído do nada. Ao longo dos últimos doze anos, falei com milhares, literalmente milhares de estudiosos e exegetas da Bíblia. Não inventei nada, sabe.
RD – Que se passava consigo há doze anos para o levar a colocar todas essas perguntas do Hamlet e em seguida a redescobrir a sua fé?

MG - Geralmente estas coisas dão-nos em tempos difíceis, de sofrimento. Pode ter parecido que eu levava uma bela vida a fazer filmes e a voar pelo mundo inteiro. Mas a verdadeira felicidade está no íntimo. Eu tinha entrado em falência espiritual e, quando isso acontece, é como se um cancro do espírito nos afligisse. Começa a roer-nos por dentro, e se não fizermos nada para o travar, dá cabo de nós. Tive pura e simplesmente que traçar um risco na areia. Mas foi tanto uma decisão minha como sentir-me entre a espada e a parede.
RD – Levou muito tempo a ficar como queria?

MG - Ah, sim, claro. Este tipo de coisa não acontece do dia para a noite. É uma metamorfose muito gradual. E ainda falta muito para estar concluída. Ainda tenho tantas falhas!
RD – Pode explicar aos leitores o que significa a referência à Paixão em termos da vida de Cristo e do percurso da crucificação?

MG - Paixão. Trata de amor obsessivo. É todo o sentido da encarnação de Cristo — Deus feito homem. O objectivo do sacrifício foi expiar as transgressões de toda a Humanidade. Creio nisso, como biliões de outras pessoas. É esse o testemunho dos Evangelhos, e estes falam de amor. Falam de redenção e de um completo esquecimento de si por amor de todos os outros, que é realmente o vértice do heroísmo. Ele tomou sobre si o castigo para que nós tivéssemos uma oportunidade. É que, sabe, sozinhos não somos capazes.
RD – No que diz respeito à história cristã, A Paixão começa depois da Última Ceia, com Jesus a rezar no Jardim das Oliveiras. Acaba com as últimas palavras de Cristo na cruz.

MG - Sim. E no filme há um epílogo, uma espécie de ressurreição.
RD – O que significa a sua fé para si hoje em dia? Que papel desempenha na sua vida?

MG - Bem, não se vai longe sem ela. Penso que a próxima década será muito interessante e penso que nos espera uma fase muito agitada, a todos nós, em todo o Mundo. Por mim, creio que, quando atravessamos uma fase agitada, a fé é como pôr um cinto de segurança. Não que nos salve do que acontecer do lado de cá (risos), mas que nos permitirá transcender a loucura apelando para um poder superior.
RD – Se é verdade e se se acredita na verdade, fica-se-a salvo?

MG - Sim. E eu pus isso á prova, posso-lhe dizer. Porque na minha vida já fui um monstro. A fé nunca me deixou ficar mal, nunca. Nunca. Eu devia estar morto. Basta dizer, bem. Eu era do piorio.
RD – Houve alguém em especial que o tenha ajudado nessa jornada?

MG - Desde que nos conhecemos que a minha mulher, Robyn, foi sempre mais evoluída espiritualmente do que eu. Ela é um exemplo maravilhoso. No que diz respeito a esta lenta viragem de bordo, por assim dizer, acho que houve várias pessoas. Palavra. Foram como enviados do céu. Até pessoas que foram hostis para comigo foram benéficas.
RD – Como assim?

MG - Dão-nos uma oportunidade de praticar a tolerância, uma grande lição que eu preciso de aprender. Sou impaciente, e quando nos agridem, é muito fácil tentar devolver o golpe. Inseri no filme uma cena que tem especificamente a ver com o amor aos nossos inimigos.
RD – Ouvi dizer que o papa visionou A Paixão em privado. Fale-me disso.

MG - Sim, o papa João Paulo II viu o filme. Foi uma espécie de visionamento secreto, e o secretário dele relatou um comentário que ele fez na parte final do filme. Poucas palavras, muito simples mas direitas ao assunto. Disse: «Está como foi». Tem algo de Zen, não tem?
RD –Parece digno de se gravar em pedra. E qual foi a sua reacção?

MG - Fiquei aliviado porque é uma coisa assustadora. Como quando os filhos soltam amarras. Mas, em termos gerais, Billy Graham, Pat Robertson e agora João Paulo II … o que é extraordinário é que estão de acordo quanto ao filme. Vêem-no como um retrato fiel.
RD –Fale-me da grande controvérsia. Foi apanhado de surpresa com a oposição que o filme gerou desde muito cedo? Ficou admirado?

MG – Realmente, fui. Deixou-me um bocado de pé atrás. Esperava alguma turbulência, porque sempre que abordamos questões de religião e política, ou seja, assuntos que têm a ver com as convicções mais profundas das pessoas, vai-se agitar as águas. Mas foi uma surpresa ver tiros disparados à ilharga quando ainda estava a filmar e depois ter vozes a clamar nos jornais — gente que nem sequer tinha visto a obra — e a atirar-me lama para cima. Aliás, se este filme lhes causa problemas, não é comigo que os têm; têm problemas com o Evangelho, porque o filme segue o Evangelho muito de perto.
RD – Alguém sugeriu a talho de foice que você queria exactamente uma polémica assim para aumentar o interesse pelo filme. Há alguma verdade nisso?

MG - Já ouvi isso. Quando as muitas tentativas de me fazer recuar ou desistir falharam, começaram a dizer: «Afinal fizemos exactamente o que ele queria. Foi ele quem orquestrou a polémica para comercializar o filme.» Isso é tão mentira! Eu não pedi nada disto. Ninguém quer ver o nome enlameado nas primeiras páginas dos jornais, nem ouvir coisas horríveis sobre nós e a nossa família, ser chamado toda a espécie de nomes, acusado de ser anti-semita e tudo o mais.
RD – O seu pai. Li em alguns artigos que o seu pai tem convicções religiosas muito conservadoras e, segundo pelo menos uma dessas histórias, terá questionado parcialmente as versões comummente aceites do Holocausto. Tem algum comentário sobre isso?

MG - O meu pai ensinou-me a minha fé, e eu acredito no que ele me ensinou. Nunca na vida me mentiu. Nasceu em 1918. Perdeu a mãe aos dois anos, perdeu o pai aos quinze. Viveu a Depressão. Alistou-se para combater na II Guerra Mundial, foi para Guadalcanal, apanhou malária, foi alvo de balas e não gostou lá muito. Serviu o seu país combatendo as forças do fascismo. Regressou, trabalhou duramente, trabalho físico, fundou família, deu-me um tecto, vestiu-me, alimentou-me, ensinou-me a minha fé, amou-me. Eu amo-o. Portanto, estarei do lado dele até ficar feito numa nódoa negra se alguém tentar magoá-lo.
RD – Vai ter de tomar uma posição. O Holocausto aconteceu, não foi?

MG - Tenho amigos e pais de amigos que têm números marcados nos braços. O tipo que me ensinou espanhol era sobrevivente do Holocausto. Trabalhou num campo de concentração em França. Sim, claro. Houve atrocidades. A guerra é horrível. A II Guerra Mundial matou dezenas de milhões de pessoas. Parte eram judeus em campos de concentração. Muitas pessoas perderam a vida. Na Ucrânia, milhões de pessoas morreram de fome entre 1932 e 1933. No século passado, morreram vinte milhões de pessoas na União Soviética.
RD – Quer dizer, portanto, que a vida é trágica e cheia de lutas, violência, mal e maldade.

MG - Absolutamente.
RD – Muitos dos que viram o filme dizem que é forte, arrasador. Mas alguns dizem também que é demasiado gráfico e violento. Que tem a dizer sobre isso?

MG - É bastante cru e penso que é gráfico, sim. Mas creio que corresponde à realidade dos factos. Dos muitos relatos que li, penso que foi, aliás, mais violento do que aquilo que se vê no filme. Segundo os salmistas, já nem sequer se conseguia reconhecê-lo como humano. Foi tão mau como isso.
RD –Devo dizer-lhe que a minha imaginação de cristã nunca foi ao ponto de o imaginar chicoteado tantas vezes. Custa-me a crer que um ser humano pudesse sobreviver àquilo e ainda carregar uma cruz pesada por um monte acima.

MG - Sim, mas não estamos a falar de um ser humano qualquer (risos).
RD – Queria comunicar alguma coisa através da natureza muito gráfica do filme?

MG - Queria inculcar nos espectadores a enormidade daquele sacrifício, a disponibilidade — e o horror. Queria que fosse esmagador. Mas há válvulas de escape. Há pequenos oásis de repouso dentro do filme onde se pode escapar à violência e encontrar lirismo e beleza.
RD – Como quando intercala uma recordação de Maria, quando Cristo ainda rapazinho cai e ela corre para ele. Arranca-nos da narrativa e recua no tempo para um momento de amor.

MG - O filme é sobre isso. Sobre a maior expressão de amor. Não há amor maior do que dar a vida pelos seus amigos.
RD – Fez o filme nas línguas originais da época. Os diálogos de Cristo e de Maria são em aramaico. Haverá legendas?

MG - Achei que seria mais eficaz nas línguas originais. Isso proporcionou-me um estímulo extra para dar maior força ao aspecto visual, para não ficar dependente da palavra falada. E acho que o filme ganhou uma enorme clareza por causa disso. Mas penso que as legendas favorecem-no. Uma coisa é pregar ao coro, mas há muita gente que não conhece a história. E mesmo aqueles que a conhecem podiam ficar um pouco confusos.
RD – O que pretende fazer com este filme? Está a tentar afirmar-se enquanto artista? Está a tentar fazer proselitismo?

MG - Bem, o que eu vejo nesta história — e não há muitas exactamente como esta — é fé, esperança, amor e perdão. E penso que o Mundo precisa desesperadamente dessas coisas. Acho que estamos descontrolados. Praticam-se genocídios em locais nos quais raramente pensamos. Há guerras. Gente de cá a morrer longe. Gente de lá a morrer por causa dos de cá. Quer dizer, é uma loucura.
RD – E como é que o filme se encaixa nisso?

MG - Creio que mostra o remédio.
RD – E qual é esse remédio?

MG - Fé, esperança, amor e perdão. Julgo que quem quer que o veja terá uma reacção forte, seja positiva ou negativa. Espero que o filme seja recebido no estado de espírito correcto. Os meus detractores dirão que vai promover o ódio. Eu discordo. Acho que isso um disparate completo. É tão absurdo que me deixa siderado.
RD – Este filme é a grande obra da sua vida? O culminar da sua carreira?

MG - Absorveu muito do meu tempo e todos os meus talentos e energias. Acho que em termos artísticos é para mim definitivamente um marco.
RD – Vai tirar umas férias depois disto?

MG - Adoro trabalhar. Talvez tire umas semanas para recarregar as baterias, depois irei fazer outra coisa, na esperança de que seja algo leve e divertido e ninguém se zangue comigo.
RD – Qual seria a notícia que mais gostaria de ver no maior jornal da América no dia a seguir à estreia de A Paixão?

MG - A guerra acabou.
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MUNDO CRISTÃO

Convertido por um olhar

Ator italiano que interpretou Barrabás em "A Paixão de Cristo" escolheu servir a Deus durante uma cena com o protagonista

Da Redação / Fotos: Itaca, Icon (Divulgação) 
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Pode uma simples olhada mudar a vida de alguém? Segundo o ator italiano Pietro Sarubbi, sim. Ele interpretou o condenado Barrabás (na foto acima), a quem o povo escolheu anistiar e crucificar Jesus em seu lugar, no filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson.

Sarubbi era um homem de personalidade forte, que não temia desafios na profissão que escolheu desde a juventude. Quando garoto, fugiu de casa e pegou a estrada com a trupe de um circo. Com o passar dos anos, percorreu o mundo em busca de preencher o vazio espiritual que o afligia. Encerrou-se para ser instruído em artes marciais no mosteiro de Shaolin, na China. Em outro mosteiro, no Tibet, cumpriu voto de silêncio por 6 meses à procura de iluminação. Praticou meditação na Índia. Viveu por um tempo na rústica Amazônia (onde aprendeu português, que fala com facilidade). Como ator, trabalhou em várias peças de teatro e em filmes de tevê e cinema, italianos ou até de Hollywood – como “Capitão Corelli”, de 2001, com Nicolas Cage, Penélope Cruz e Christian Bale.

A despeito do longo caminho, chegou ao fim de sua busca pela paz quando foi escalado como Barrabás em 2003.


Encarando o chefe
O orgulhoso ator, ciente de seu talento, aceitou o papel, mas achava que podia conseguir algo melhor. Sem o menor temor, foi ter com Mel Gibson (foto ao lado, no set italiano). Queria um papel de mais peso. Queria ser o apóstolo Pedro, que julgava estar mais de acordo com ele.
Gibson, que já provara seu talento na direção com “Coração Valente”, o que lhe valeu dois Oscars (melhor ator e melhor filme na premiação de 1996), é famoso por se aprofundar nas pesquisas para seus filmes e ser bem decidido em suas escolhas de elenco. Para “A Paixão...”, baseou-se na aparência dos personagens em clássicas pinturas, como as de Caravaggio, e tinha seus Pedro e Barrabás bem formatados em sua mente. Não deu o papel do rústico “pescador de homens” a Sarubbi.

O ator italiano não quis se dar por vencido. Sugeriu ao diretor, então, que tivesse mais falas, o que lhe garantiria mais destaque na trama, ainda que sua aparição fosse breve.

Novamente, o “Máquina Mortífera” Gibson disse “não”. Para ele Barrabás não tinha mais voz, não tinha o que dizer. O diretor e produtor, que enfrentou a implacável indústria hollywoodiana para lançar seu filme (o que lhe rende dissabores até hoje), explicou melhor ao insistente intérprete: Barrabás não era simplesmente um bandido. Ele descendia de uma nobre linhagem de Zelotes. Foi preso por anos e, torturado, curvou-se ao sofrimento e tornou-se praticamente um animal, uma besta. “Ele usou todo o seu fôlego para gritar contra as inúmeras injustiças que sofreu”, explicou Gibson a Pietro. “Como a besta que se tornou, não tem mais palavras. Ele se expressa com o olhar. Por isso eu escolhi você, após muita pesquisa, para ser o meu Barrabás. Você deve parecer um animal selvagem e, ao mesmo tempo, alguém que olhe no fundo de seus olhos pode enxergar um ser humano bom. E esse alguém é Jesus. Só Ele vê, no fundo do olhar e do coração de Barrabás, que existe lá dentro algo que pode ser salvo. Mesmo que ninguém mais veja isso, Ele vê.”
Vencido pelos argumentos do chefe, Pietro não mais insistiu. Contudo, ainda se sentia desconfortável pelo papel. Até que viu o colega Jim Caviezel, que interpretou Jesus, antes da cena em que o povo perdoava Barrabás e condenava o Messias.

Dignidade
Caviezel conseguira o papel principal, que muitos atores desejavam, pelo desafio profissional que representava. Sarubbi viu o jovem já com cabelos longos, sem agasalho e pés descalços, no frio, pacientemente esperando sua vez de entrar em cena, concentrado. Podia muito bem ter reivindicado os privilégios de astro principal, como um trailer aquecido perto do set, mas estava ali, como todos os outros.
O ator estava caracterizado como Cristo, já com a maquiagem simulando as agressões sofridas. Embora muito sujo e com frio, Pietro viu muita dignidade e humildade no rapaz. Aquilo o impactou.
Pela primeira vez, ele mesmo, já caracterizado como Barrabás, barbudo, imundo e maltrapilho, descalço, também sentindo na pele o frio da Itália, sentiu seu personagem.


Primeiro olhar
Sarubbi viu Caviezel de longe, e ficou nisso mesmo, por um tempo, pois o diretor lhe dera uma ordem. Gibson disse que, mesmo quando estivessem perto, Pietro deveria evitar olhar o rosto do colega. “Eu quero que as pessoas percebam o impacto de Barrabás quando Jesus o fitar. Então tem mesmo que parecer o primeiro olhar, a surpresa. Aconteça o que acontecer, só olhe para Jim na hora certa que está no script. Quero que o seu olhar seja o daquele que vê Jesus pela primeiríssima vez. Barrabás é como um cão feroz, mas se torna um filhotinho quando encontra o Filho de Deus e é salvo.”
“Ação!”. Grita o diretor. Barrabás clama ao povo, grunhindo, por perdão. Mostra um riso nervoso, que demonstra ao mesmo tempo aflição e malandragem. Quase vai ao delírio ao se ver livre após tanto tempo, com prazer e desdém. Até que Jesus o encara, ternamente.
Finalmente Pietro olhou Caviezel no rosto, diretamente. Mas não foi exatamente a quem viu.

“Quando nossos olhos se cruzaram, foi um grande impacto. Senti como se houvesse uma corrente elétrica entre nós. Era como se eu não visse Jim Caviezel, mas olhasse para o próprio Jesus.”

A partir daquele momento, a vida do ator italiano nunca mais seria a mesma.



Nova criatura
Pietro converteu-se e aplicou a sua fé a todos os aspectos de sua vida. No relacionamento com a esposa e os quatro filhos. No trabalho. No caráter. O ator narra isso no livro que escreveu para falar de seu renascimento como filho de Deus, Da Barabba a Gesù – Convertito da uno sguardo(“De Barrabás a Jesus – Convertido por um olhar”).
Hoje, o ator é um homem dedicado à família. De vez em quando, veste-se como palhaço para divertir e dar muito carinho a crianças de orfanatos. Dá aulas em escolas para atores e para executivos que precisam falar bem em público. Em todos os lados de sua vida imprime sua fé. “Utilizo o que chamo de ‘o método do guerreiro, do sacerdote e do palhaço’: na vida é preciso ser forte e honesto, mas ao mesmo tempo brincalhão.”
“Barrabás é um símbolo de nossa civilização. É o homem que Jesus substituiu na cruz e salvou. Ele representa toda a humanidade, salva.”

A “corrente” que sentiu no set acendeu no coração de Pietro a luz de Deus.

“Nunca havia acontecido nada sequer parecido em todos os meus anos de carreira”, disse o ator numa entrevista a uma revista italiana. “Faço o possível para que aquele olhar continue sendo importante para mim todos os dias.”